quarta-feira, 7 de março de 2012

Presidente do Parlamento da Suécia chefia delegação em visita ao Congresso Nacional


"Somos um país pequenininho e precisamos do mercado internacional", argumentou o presidente do Parlamento da Suécia no início da audiência com o presidente do Senado, José Sarney. Por sua vez, Sarney respondeu que há no mundo de hoje e do futuro algo mais importante do que o tamanho: "a importância dos países será medida pelo seu desenvolvimento tecnológico". À frente de uma delegação de parlamentares e empresários suecos que chegou ao Brasil no último dia 5, Per Westerberg tem focado seus encontros nos temas de inovação, alta tecnologia e direitos humanos. Na reunião com Sarney ele lembrou que a Suécia investe no país há mais de 100 anos: "As mais de 200 empresas suecas instaladas no Brasil geram cerca de 600 mil empregos". O PIB sueco de US$ 406 milhões equivale à metade do estado de São Paulo. Mas, em contrapartida, a Suécia, segundo dados do Banco Central, é o 19º maior investidor no Brasil. Também é o país maior consumidor do etanol brasileiro na União Européia e importante aliado nos esforços para a criação de um mercado internacional de biocombustível. O intercâmbio comercial entre Brasil e Suécia é superior a US$ 2 bilhões por ano. Sarney identificou os laços comerciais entre os países como "uma relação estratégica" e recordou que, no século XIX, o imperador do Brasil, D. Pedro II visitou a Suécia.. O presidente do Senado sugeriu ao seu colega sueco "que as boas relações econômicas sejam estendidas ao incremento das boas relações parlamentares". Ao destacar as afinidades políticas entre Brasil e Suécia, José Sarney citou o princípio da neutralidade "onde o diálogo sempre é o melhor caminho para se conquistar a paz". Como membros da Coalização da Nova Agenda, os dois países defendem que o desarmamento mundial passe não apenas pela redução numérica dos arsenais nucleares, mas também pela "deslegitimização" dos armamentos atômicos. O parlamentar sueco informou a Sarney que no seu encontro com o vice-presidente Michel Temer tratou de assuntos relacionados à proteção de fronteiras e do processo de seleção de caças promovido pelo Ministério da Defesa. A empresa sueca SAAB, que concorre com os caças Gripen, inaugurou recentemente centro de pesquisa e desenvolvimento em São Bernardo do Campo/SP. Depois de ressaltar que a transferência de tecnologia "é um ponto sensível nessa concorrência", Sarney disse estar confiante na condução desse assunto pelo governo brasileiro. Os presidentes discutiram também a crise econômica européia, o apoio da Suécia as Forças da OTAN na Líbia e no Afeganistão e demonstraram preocupação comum em relação ao Irã. Ao final do encontro, Sarney valorizou a afirmativa de Per Westerberg de que a Suécia participará ativamente da Conferência Rio+20: "Já compartilhamos conferências similares como a de Estocolmo em 1972 e a do Rio de janeiro em 1992". A delegação sueca comandada por Westerberg, é composta pelas parlamentares Cecilia Widegren (Partido Moderado), Carina Adolfsson Elgestam (Partido Social Democrata) e a diretora do Parlamento, Kathrin Flossing, além dos empresários Marcus Wallenberg Conselho Administrativo da AB Volvo, pelo presidente da Saab AB, Håkan Buskhe e pelo fundador e presidente da Fundação Spinalis, Claes Hultling. Pelo lado brasileiro, além de José Sarney, a reunião contou com a vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT/SP) e Waldemir Moka (PMDB/MS).



Relações Bilaterais

São antigas as relações diplomáticas entre Brasil e Suécia. Estabelecidas em 1826, foram reforçadas com a chegada, em 1890, do primeiro contingente de imigrantes suecos ao País e com a gradual aproximação entre as duas nações nas áreas econômica e comercial. Em 1909, foi criada a primeira linha de transporte marítimo regular entre os dois países. Os investimentos no Brasil começaram com a pioneira Ericsson em 1924. Aumentaram e diversificaram-se a partir de 1946, concentrando-se em São Paulo, onde, em 1953, foi estabelecida a Câmara de Comércio Sueco-Brasileira. As relações brasileiro-suecas concentravam-se tradicionalmente no campo econômico. A distância geográfica, as distintas prioridades de atuação externa e a ausência de contenciosos não favoreciam um relacionamento mais denso na vertente política. A partir da Visita de Estado do Ex-Presidente Lula da Silva a Estocolmo, em setembro de 2007, tem-se verificado, contudo, renovado interesse em atribuir mais fluidez ao diálogo político, inclusive no âmbito multilateral. Iniciativa política importante que une ambos os países nesta última seara é a participação na Coalizão da Nova Agenda, que busca fortalecer as discussões e ações internacionais no campo do desarmamento nuclear. Em visita à Suécia em julho de 2008, o então Ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, formulou proposta de estabelecimento de parceria estratégica entre Brasil e Suécia. A proposta brasileira motivou a vinda ao Brasil, em março de 2009, da Ministra do Comércio Exterior, Ewa Björling, na qualidade de coordenadora do assunto pelo lado sueco. Em maio de 2011, o Primeiro-Ministro Fredrik Reinfeldt realizou visita ao Brasil, ocasião em que manteve encontro com a Presidenta da República, Dilma Rousseff. A Suécia é importante aliado do Brasil nos esforços para liberalizar o mercado de etanol da União Europeia (UE), já tendo envidado esforços nesse sentido junto aos parceiros comunitários e à Comissão Europeia. Diante do interesse comum em promover o emprego de biocombustíveis e em desenvolver o mercado internacional do etanol, Brasil e Suécia concluíram, em setembro de 2007, Memorando de Entendimento sobre Cooperação na Área de Bioenergia, incluindo Biocombustíveis, em vigor desde abril de 2009. Outra vertente importante da cooperação bilateral é a técnico-militar, ao amparo do Memorando de Entendimento sobre Cooperação em Assuntos Relativos à Defesa, celebrado em 2000. Oficiais do Brasil participam com freqüência de cursos de treinamento em operações de paz oferecidos pelo Centro Internacional das Forças Armadas da Suécia (SWEDINT).


Perfil

Per Westerberg foi eleito presidente do Parlamento da Suécia (Riksdag) após as eleições legislativas no Outono de 2006. O Riksdag é uma assembléia unicameral com 349 membros. Per Westerberg é membro do Partido Moderado e elegeu-se para o Riksdag em 1979. No Parlamento, Per Westerberg também foi presidente da Comissão de Indústria e Comércio e da Comissão de Meio Ambiente e Agricultura. Foi ainda vice-presidente da Comissão de Transportes e Comunicações. De 1991 a 1994, sob o governo não socialista, foi ministro da Indústria, Emprego e Comunicações. Foi porta-voz do ‘Partido Moderado’ em questões relativas a política industrial, crescimento e negócios, bem como nos temas de seguridade social e imigração . É membro da Comissão Executiva do Partido Moderado desde 2002. Com formação no setor empresarial, Per Westerberg trabalhou na SAAB-Scania e foi membro do conselho de diversas empresas, do Conselho Regional de Administração de Sodermanland, do Correio Nacional Post e da Agência de Telecomunicações. Graduado na Escola de Economia de Estocolmo, o parlamentar sueco nasceu em 1951 em Nykoping, onde vive com sua esposa, Ylma, e quatro filhos.

Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado

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