quarta-feira, 14 de março de 2012

Gilvam Borges

Bonfim Salgado, uma grande perda

Ele tinha uma reserva, um esconderijo no seu quarto. Quando todos perguntavam, ele respondia pode me faltar tudo menos as balinhas que deixo em estoque para dar aos meus netos. Vai amigão e que Deus te proteja nesta nova jornada.
Eram 6 horas da manhã do dia 12 de março de 2012, o telefone toca a voz angustiada da filha Patrícia me comunica do estado grave do amigo Bonfim Salgado. Ao chegar no Hospital de Emergências  lá estava o Bonfim sentado em uma cadeira de rodas, tomando soro ao lado de sua companheira de todas as horas, Maria Judith. Levei minha mão em sua direção e ele me cumprimentou com um aperto de mão onde compreendi o que queria me dizer. Vi seus cabelos grisalhos e sua privilegiada cabeça buscando um descanso e um conforto no ventre da companheira que permanecia fiel e solidária.
Bonfim parecia buscar descanso. Poucas horas depois, duas paradas cardíacas e a notícia. O nosso amigo acabara de nos deixar. Parei alguns segundos e numa breve retrospectiva ele aparecia com sua imagem de intelectual, com aquele seu andar meio desengonçado e suas falas sempre firmes e bem abalizadas, fechou com a imagem de descanso junto a sua amada.
Tive a oportunidade de aprender com o intelectual e consultor, lições de vida e da própria história que tão bem conhecia. Falava fluentemente dos filósofos pré-socráticos aos nossos filósofos caboclos que conhecia como poucos.
Reagiu e enfrentou a vida com galhardia tanto é que era conhecido como Marquês de Bonfa pelos seus confrades da imprensa e seguidores das redes sociais. Serviu a muitos Governos e assessorou inúmeras empresas.
Por onde passou Brasil afora não passava despercebido. Com uma inteligência privilegiada e de uma personalidade forte, repleta de valores de homem honrado, onde a honestidade nos seus relacionamentos de trabalho e convívio social era base essencial para sua existência.
Viveu bem, destacou-se, questionou, contribuiu com seus pensamentos e considerações a cerca dos problemas aos quais se propunha a estudar e debater. Militou em todos os veículos de comunicação: rádio, televisão, jornais impressos e consultorias que prestava sobre os mais variados assuntos.
Acompanhei os seus trabalhos por longos anos. Bonfim sempre foi uma referência não só no meio jornalístico, mas pelo seu amplo conhecimento da vida sócio-política do Estado do Amapá, se estendendo por toda a Amazônia. Todo e qualquer tema ele sempre estava apto a discutir, sugerir e a propor soluções.
Perdemos um membro importante da nossa história, sofremos com a perda e estamos enlutados. Mas certos de uma coisa, onde nosso Marquês de Bonfa chegar, as portas se abrirão e o manto da espiritualidade o envolverá numa proteção de descanso pela jornada vitoriosa que teve. Todos, sem exceção, reconhecem o valor deste guerreiro.

Gilvam Borges é ex-senador e, como se auto-intitula, “líder do governo paralelo no Amapá”

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