quinta-feira, 15 de março de 2012

Embaixador da China visita presidente do Senado


O recém empossado embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, ao visitar hoje pela manhã o presidente do Senado, José Sarney, afirmou: " O senhor é muito conhecido e estimado na China. Precisava ter a oportunidade de conversar com um homem sábio". O senador agradeceu e retribuiu o elogio enaltecendo a "grande capacidade profética" do líder chinês Deng Xiaoping, a quem Sarney conheceu em 1988 em visita como presidente da República à China. "Além do que representou Deng Xiaoping para China e o mundo, considero extraordinária sua visão à época tanto para a China quanto para a América Latina", declarou. O presidente do Senado relembrou a postura de Deng quando questionado sobre suas previsões para o mundo. " Vejo um período de paz com o encerramento das guerras globais para os próximos 50 anos. Será um período de prosperidade," foram as palavras de Deng Xiaoping. Sarney resumiu sua reunião com o dirigente chinês: "Cada palavra que ouvia era uma profecia". Jinzhang mencionou o efeito multiplicador das relações bilaterais sino-brasileiras nos últimos anos, avaliando que "há muito espaço para incrementar esta parceria".

Especialista em América Latina

Li Jinzhang assumiu em janeiro passado a função de Embaixador em Brasília, após ocupar a posição de Vice-Ministro da Chancelaria para Temas de América Latina e Caribe, desde 2006. Foi Embaixador no México e serviu em Cuba (1976-1980 e 1990-1993) e Nicarágua (1988-1990). Li Jinzhang integrou a comitiva do Presidente Hu Jintao ao Brasil, em 2010, e co-presidiu com a Subsecretária-Geral Política II, Embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, os trabalhos da Subcomissão Política e do Diálogo Estratégico, em novembro de 2010, em Pequim. Nascido na província de Hebei, em 1954, Li Jinzhang é casado e tem uma filha.

Relações sino-brasileiras

A cooperação Brasil-China, inaugurada com restabelecimento de relações em 1974 e reavivada com a visita presidencial de 1984 (presidente Figueiredo), ganhou força a partir de 1988, quando Sarney, então presidente da República, foi a China buscar novos investimentos externos e maior intercâmbio comercial. Na visita diversos acordos foram firmados, em setores como: exploração de petróleo, indústria siderúrgica, medicina e saúde, energia hidroelétrica, geociências, fármacos, madeireiro e energia nuclear. Também foram assinados protocolos para abertura de um consulado do Brasil em Xangai e um chinês em São Paulo. Á época, o ministro das Relações Exteriores, Roberto de Abreu Sodré, marcou: "A visita do presidente Sarney a Pequim representa um ponto alto das relações da política externa brasileira, iniciada a partir da busca de relacionamento com os países da América Latina e da África". O destaque especial da visita de Sarney a Pequim foi o Acordo sobre Pesquisas e Produção Conjunta do Satélite de Sensoriamento Remoto, que inaugurou o Programa Espacial Sino-brasileiro para lançamento de satélites de rastreamento terrestre. Esse acordo bilateral, que envolveu o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) e a Cast (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial), permitiu aos dois países romper o bloqueio das nações desenvolvidas à transferência de tecnologias avançadas. Fruto de acordo inédito de cooperação entre dois países em desenvolvimento, essa parceria resultou no lançamento de um satélite sino-brasileiro, em 1999, e um segundo, em 2003.


Sarney e Deng Xiaoping

Quando Sarney se encontrou em Pequim com Deng Xiaoping, em 1988, o volume comercial entre China e Brasil era inferior a US$ 2 bilhões anuais. Segundo projeções da Balança Comercial brasileira, esta cifra deve chegar próxima aos US$ 50 bilhões em 2010. O crescimento extraordinário, na visão do embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaogi, começou quando Sarney e Deng "abriram definitivamente as portas para o intercâmbio político, comercial e cultural entre os dois países". Testemunha do crescimento da parceria sino-brasileira, o diplomata chinês relata que naquele "momento histórico" da visita, os dois líderes analisaram o futuro do comércio mundial e anteviram: os dois países teriam posição de destaque no século 21. "Sarney e Xiaoping previram ainda que Brasil e China iriam, a partir daí, assumir relevância crescente nas esferas da economia internacional", registra o embaixador. Já em 1993, em visita ao Brasil, o então Primeiro Ministro Chinês Zhou Ronji, que cunhou o termo "parceria estratégica" para designar a relação Brasil-China como uma sinergia entre o maior país em desenvolvimento do hemisfério oriental com o maior país em desenvolvimento do hemisfério ocidental, relatava: "as relações entre os nossos países tiveram um expressivo incremento nos setores de infraestrutura, comércio bilateral e cooperação tecnológica, a partir da visita do presidente Sarney a Pequim." Em novembro de 2009, quando recebeu no Senado Jia Qinglin, presidente do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Sarney lembrou o encontro com Xiaoping, em 1988, que abriu caminho para a evolução nas relações entre Brasil e China. "O Brasil é um parceiro privilegiado chinês e nosso comércio multiplicou-se várias vezes". Segundo o presidente do Senado, a profundidade dessa aproximação está registrada na intensidade das trocas comerciais, nas relações culturais e na identidade política dos dois países nos foros internacionais. Chen Duqing, que foi embaixador da China no Brasil no período 2006-2009, lembra, por sua vez, que o dirigente Deng Xiaoping teria se reportado ao presidente José Sarney com uma frase de efeito para registrar as posições semelhantes adotadas nos organismos internacionais pelos dois países: "A China e o Brasil podem apertar o botão um pelo outro na hora da votação, porque a afinidade entre nossos países é muito grande".

Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado 

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